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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Espaço na Educação Infantil (II)

Die Dorfschule von 1848

O pintor suíço Albert Anker (1831-1910) deixou à posteridade expressivas iconografias que retratam o cotidiano do século XIX. Entre elas, a de um professor, sisudo e austero, com sua batuta à frente da classe “tomando a lição do alunado”.

Durante muitos anos, a figura do professor ficou marcada pela imagem de um senhor de meia-idade, alto e delgado, com giz e batuta nas mãos, com uma pequena lente a cair-lhe sobre o nariz, diante de um quadro-de-giz e cadeiras enfileiradas.

Nesse tempo, o ofício de professor estava relacionado à aula magistral seguida de aprendizagem mnemônica. A sala de aula era um local gélido, com cadeiras enfileiradas e alunos que, estáticos, se esforçavam para decorar as lições régias explanadas pelo professor do alto de seu pedestal. As experiências, caso existissem, eram feitas diante dos alunos e não por eles. Ignorava-se o aluno e como ele aprende e, priorizava-se o professor e a matéria. Pouca importância era dada ao espaço-ambiente de aprendizagem. Mas segundo Gandini

  • o espaço reflete a cultura das pessoas que nelas vivem de muitas formas e, em um exame cuidadoso, revela até mesmo camadas distintas de influência cultural. [1]

Neste período as transformações sociais eram fomentadas pela revolução industrial, que via no desenvolvimento da indústria e do comércio a solução para os problemas do atraso medieval. As reservas híbridas e florestais ainda mantinham-se intactas e não se acreditava que o progresso sucatearia a vida e a mão de obra humana, além de colocar o planeta em perigo. Todavia, o cenário socioeducacional no mundo e, portanto, no Brasil, mudou e está passando por profundas transformações.

No limiar do século XXI, procura-se uma formação que desenvolva nos educandos autonomia, criatividade, competências e fraternidade. Diante dessa cenário, fala-se mais em processos de aprendizagem do que em estratégias de ensino.

Os educadores priorizam o aluno e os seus processos cognitivos e procuram desenvolver estratégias de ensino que facilitem o aprendizado individual. Os professores são dinâmicos e responsáveis por organizar e dirigir situações de aprendizagem – é um facilitador. Os alunos são mais valorizados do que a matéria e respeita-se o ritmo de aprendizado individual. As aulas são dinâmicas, interativas e participativas, a sala de aula, esta transformou-se em um atelier de saberes, interações e oportunidades – um pequeno universo que encanta e desafia pela sua diversidade.

Nisto entendemos que a escola que busca a excelência educacional não pode ignorar o espaço-ambiente de aprendizagem, como mera teoria pedagógica, mas organizá-lo a fim de que os educandos sejam estimulados à aprendizagem. Não podemos viver no século XXI reproduzindo sem qualquer reflexão o espaço físico das escolas tradicionais.

Notas

GANDINI, Leila. Espaços educacionais e de envolvimento pessoal. In EDWARDS, Carolyn (et al). As cem linguagens da criança – A abordagem de Reggio Emilia na Educação da primeira infância. São Paulo; ARTMED.

Crédito das imagens: http://www.commons.wikimedia.org

Título da imagem 2: "The school exam", 1862 - A. Anker.

Leitura Complementar

Marieta Gouvêa de Oliveira Penna: Exercício docente na escola: relações sociais, hierarquias e espaço escolar. In Educ. Pesqui. v.34 n.3 São Paulo set./dez. 2008.

Alfredo Veiga-Neto: De Geometrias, Currículo e Diferenças. In Educ. Soc. v.23 n.79 Campinas ago. 2002.

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