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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Pedagogo e a Mudança do Paradigma Fordista


As mudanças que decorrem da globalização, da revolução tecnológica, da redução do ritmo de crescimento da produtividade como resultado do desgaste do capitalismo e da crise do fordismo, implicam na reestruturação produtiva e na formação do trabalho. Essas transformações científicas levam à introdução, no processo produtivo, de novos sistemas de organização do trabalho e mudanças no perfil do profissional contemporâneo. Mudança como esta retira a responsabilidade do Estado e a transfere para o indivíduo. A educação, portanto, cumpre o papel de capacitar o indivíduo para enfrentar os desafios do desemprego e da exclusão do mercado de trabalho. Assim, convive-se com o questionamento dos princípios fordistas de produção e com a introdução da produção flexível.
Com o fim do paradigma fordista entra em cenário um novo paradigma industrial de automação flexível. Este novo paradigma substitui a eletromecânica pela eletrônica, a fim de flexibilizar os antigos processos industriais. De acordo com Teixeira, as formas de flexibilização do trabalho compreende: “formas de organização do trabalho, formas relacionadas à duração flexível do trabalho, e formas relacionadas à contratação do trabalho” [1]. Veja o seguinte trecho do vídeo Tempos Modernos.
A nova base técnica, assim, provoca um impacto na configuração dos processos de produção, orientando um novo paradigma produtivo, o paradigma da produção flexível, fundado na automação e na informatização, caracterizadas pela a) integração, a b) flexibilidade e a c) descentralização (DELUIZ, 1995).
O intelectual brasileiro, Milton Santos (1926-2001), afirmara com toda precisão que "dentre as múltiplas denominações aplicadas ao nosso tempo, nenhuma é mais expressiva que a de período tecnológico". Todavia, para o autor de Pensando o Espaço do Homem,

a técnica, esse intermediário entre a natureza e o homem desde os tempos mais inocentes da história, converteu-se no objeto de uma elaboração científica sofisticada que acabou por subverter as relações do homem com o meio, bem como as relações do homem com o homem, do homem com as coisas, bem como as relações das classes sociais entre si e as relações entre as nações. [2]
Trata-se, portanto, de uma fase inteiramente nova para a humanidade, cuja ciência, pesquisa pura e aplicada, tecnologia e mass media são, sem sombra de dúvida, os pilares do período tecnológico, como assevera o mesmo autor. Neste novo contexto e realidade históricas, as coisas são elevadas à categoria social, como que possuindo funções humanas e impondo uma práxis sobre o homem "que governam os seus movimentos e mesmo determinam o modo como ele agirá no cotidiano" [3].
Com a crise, reestruturação e modernização do trabalho na sociedade hodierna, o papel do pedagogo também se reconfigurou. Admite-se hoje que os rumos que os pedagogos darão a pedagogia relacionam-se, antes de tudo, à formação acadêmica e ao desenvolvimento de competências deste profissional, uma vez que o pedagogo não está mais restrito aos limítrofes escolares.
Segundo Libâneo, atualmente o pedagogo atua em qualquer instituição onde houver um processo educativo sistematizado, ou seja, intencional, organizado e orientado para objetivos previamente selecionados [4]. Assim, o pedagogo atua como um “arquiteto cognitivo” que organiza o processo pedagógico para que haja melhor otimização do aprendizado, seja nas instituições educacionais, seja nas empresariais.
A inserção do pedagogo nas instituições não-educacionais exige deste profissional o desenvolvimento de competências, estratégias, planejamento e conhecimento de áreas às vezes afastadas dos currículos de formação dos pedagogos.
Portanto, interessa ao pedagogo moderno o saber relacionado aos modelos de administração de funcionários ou recursos humanos, a distinção entre educação e treinamento, bem como outros elementos necessários à gestão empresarial.

As mudanças técnicas e organizativas dos processos de trabalho e produção causam forte impacto na divisão do trabalho, conteúdo do trabalho e qualificação dos trabalhadores. Vários autores têm abordado a questão de novas qualificações com diferentes enfoques. O novo profissional necessita de atributos tais como:

a) capacidade para antecipar, prevenir e solucionar problemas;
b) trabalhar em equipe;
c) introduzir inovações e melhorias;
d) autonomia, criatividade e tomada de decisões;
e)capacidade para liderar, realizar trabalhos complexos e diversificados;
f) ser polivalente e competente.

Em termos gerais significa:
saber,
saber fazer,
saber ser, e
saber agir
[5] .

Gilnei Teixeira acrescenta como características desse novo profissional:

· Orientado para a interdisciplinaridade;
· Orientado para o autodesenvolvimento;
· Capaz de aprender e manter-se atualizado;
· Orientado para missões;
· Orientado para desafios;
· Empreendedor;
· Comprometido com o negócio da empresa;
· Polivalente/policompetente
[6].

Notas bibliográficas
[1] TEIXEIRA, Gilnei Mourão (et.al.) Gestão estratégica de pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2007, p.46.
[2] SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5 ed., 2.reimpr. São Paulo: Edusp, 2009, p.16.
[3]Id.Ibid., p.31.
[4]LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e pedagogos, para quê? 10.ed., São Paulo: Cortez Editora, 2008, p. 58-9.
[5] Notas da disciplina Educação nas Instituições Não-educacionais, ministrados pela UNESA.
[6] TEIXEIRA, Gilnei Mourão (et.al.) Gestão estratégica de pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2007, p.55.

Um comentário:

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